História de Franca

Publicado em 08/04/2025 13:01 -

Praça Central de Franca


O Começo

A região compreendida entre os rios Pardo e Grande, embora desbravada no século XVI, foi povoada somente a partir das descobertas das minas de Goiás por Ananhaguera II no início do século XVIII. Com a abertura das estradas de Goiás em 1722 e do Desemboque algumas décadas após, foram se formando vários pousos que se constituíram nos primeiros núcleos povoadores desta região.

Um pequeno fluxo populacional das últimas décadas do século XVIII permite a formação do povoado disperso, que ficou conhecido como Bairro das Canoas, abrangendo os pousos: das Covas, Alto e Alegre, além de outras paragens.

Covas foi pouso eminente de comerciantes e transportadores de sal, além de servir de arraial temporário da região.

Em função do crescente número de moradores dispersos, foi ali criada uma Companhia de Ordenanças e nomeado Capitão, a pessoa de Manoel Almeida em 1791. Pertencia a freguesia de Caconde e Município de Moji Mirim.

Crescimento Populacional

No início do século XIX, a região recebe um fluxo populacional de grandes proporções. São os mineiros que vêm das Gerais, principalmente do Sul de Minas e os goianos do Sertão da Farinha Podre (futuro Triângulo Mineiro). Vinham criar o gado e plantar suas lavouras. Explica-se este fluxo pela decadência da mineração de Minas Gerais, esgotando o ouro de aluvião dos córregos, os habitantes daquela Capitania procuravam uma outra atividade, que estava ligada à terra.

Hipólito Antônio Pinheiro, mineiro de Caconde, substitui o posto vago de Capitão de Ordenanças do "Belo Sertão do Rio Pardo" em agosto de 1804, ocasião em que são dados os primeiros atos efetivos da fundação do povoado.

Em 29 de agosto de 1805, foi criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Franca e do Rio Pardo, simplificada para Franca, em homenagem ao Governador da Capitania, Antônio José da Franca e Horta.

O arraial foi assentado em uma colina entre dois córregos: Bagres e Cubatão, em terrenos da Fazenda Santa Bárbara, doadas para este fim em 03 de dezembro de 1805, por Antônio Antunes de Almeida e seu irmão Vicente Ferreira Antunes de Almeida e esposa Maria Francisca Barbosa. Nesta ocasião foi ereta uma Capela - Interina sob a direção de Manoel Marques de Carvalho e celebrada a primeira missa pelo Padre Joaquim Martins Rodrigues. Essa Capela situada no local do atual edifício da Cúria Diocesana, que foi depois denominada de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. A Igreja Matriz, iniciada em 1809, foi construída na Praça principal, onde hoje está a Fonte Luminosa.

Primeiros passos de uma cidade

Franca passa a ter propriamente seu núcleo urbano em forma de tabuleiro de xadrez. Em torno da Igreja, constroem-se as casas, que só receberiam os seus moradores nos domingos e feriados. Era um mundo rural, era nas fazendas, lidando com o gado ou cuidando das plantações, que a população vivia a maior parte do tempo.

Em 1818 o viajante Luiz de D'Alincourt, observou que o arraial estava bem arruado, com ruas pouco povoadas, a exceção do Largo da Matriz que estava "mais guarnecido de casas, que são construídas de pau a prumo, com travessões e ripas, cheios de vãos de barro e as paredes rebocadas com areia fina", geralmente pequenas e cobertas de palha.

Outro viajante Auguste de Saint Hilaire em 1819 lembra que: "O arraial de Franca, onde parei, fica situado num aprazível descampado, em meio a extensas pastagens alpicadas de tufos de árvores e cortadas por vales pouco profundos. O arraial ocupa o centro de um largo e arredondado, sendo banhado dos dois lados por um córrego. Não havia ali, à época de minha viagem, mais do que umas cinqüenta casas, mas já tinha sido demarcado o local para a construção de várias outras. Era fácil ver que Franca não tardaria a adquirir grande importância".

Em 1821, Dom João VI cria a Vila Franca Del Rei. Contudo a mesma não será instalada em virtude das ambições da Vila São Carlos de Jacui que desejava anexar essa região à Minas Gerais. Somente em 28 de novembro de 1824 é que a Freguesia de Franca se emancipa de Moji Mirim, sob a denominação de Vila Franca do Imperador. Instalada no dia seguinte pelo Ouvidor Freire (Antônio D'Almeida e Silva Freire da Fonseca) da Comarca de Itu é demarcado o rocio e denominados seus primeiros logradouros: Largos da Alegria (atual Nossa Senhora da Conceição) e da Aclamação (atual Barão da Franca) e ruas; do Comércio, da Primavera (atual Voluntários da Franca), do Adro (atual Monsenhor Rosa), Nova (atual Major Claudiano) e do Ouvidor.

"Anselmada"

Em 1838, Franca foi teatro de revolta, por parte do Capitão Anselmo Ferreira de Barcellos, daí o célebre episódio denominado "Anselmada". Cometeram-se terríveis barbaridades, muitas pessoas de bem fugiram e o crime saiu vitorioso. A sedição foi sufocada e foi então que Franca passou a ser sede de uma Comarca e possuir um Juiz de Direito, pela lei provincial nº 7, de 14 de março de 1839. Em primeiro de março de 1842 é criado o Distrito Policial.

Pela lei provincial nº 21, de 24 de abril de 1856, é elevada a categoria de cidade, mas esse não passa de um título honorífico, pois é com a criação da vila que o arraial adquiriu autonomia. A denominação de Franca do Imperador foi simplificada para Franca, em virtude de decisão da Câmara Municipal local, em sessão de 30 de dezembro de 1889.

Consta atualmente de dois subdistritos: 1º Sede datado de 1805 e o 2º da Estação, criado pelo decreto nº 6.544, de 10 de julho de 1934.

O bairro da Estação, antigo Alto da Boa Vista, surgiu a partir da implantação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, (depois Ferrovias Paulistas S/A - FEPASA), inaugurada em 05 de abril de 1887.


Resumo Histórico

Data de Fundação
3 de dezembro de 1805.

Fundador
Hipólito Antônio Pinheiro (1754-1840)

Doadores do Patrimônio
Irmãos Antunes de Almeida

Distrito (Freguesia)
29 de agosto de 1805, provisão do Bispo Diocesano de São Paulo, Dom Mateus de Abreu Pereira.

Município (Vila)
28 de novembro de 1824, na presença do Doutor/Ouvidor Geral Corregedor da Comarca de Itu, Antônio D'Almeida e Silva Freire da Fonseca, em conformidade com a portaria do Presidente da Província de São Paulo, Lucas Antônio Monteiro de Barros.

Instalação do Município
30 de novembro de 1824 (posse dos primeiros vereadores).

Aniversário da Cidade
28 de novembro. Comemora a criação do Município, portanto a emancipação político-administrativo.

Santa Padroeira
Nossa Senhora da Conceição.

Origem e Significado do Nome "Franca"
Homenagem ao criador do Distrito, Governador da Capitania de São Paulo, Antônio José da Franca e Horta.

Denominação do Elemento Nascido no Município
Francano.


Datas Importantes

  • 1824 - 1º Presidente da Câmara: Alferes José Justino Faleiros.
  • 1839 - 1º Presidente da Comarca: Dr. Joaquim Firmino Pereira Jorge.
  • 1852 - Inauguração do 1º edifício da Câmara, no local do atual correio.
  • 1855 - Inauguração do Cemitério da Saudade.
  • 1882 - 1º Jornal; O Nono Distrito.
  • 1887 - Inauguração da Estação Ferroviária.
  • 1888 - Inauguração do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, hoje ocupado pela UNESP.
  • 1890 - 1º Prefeito Municipal Republicano: Cel. Francisco Martins Ferreira da Costa.
  • 1898 - Inauguração do Edifício da Nova Cadeia e Fórum, que a partir de 1912 serviu de sede da Câmara e prefeitura. Obra de Victor Dubugras em estilo eclético, hoje ocupada pelo Museu Histórico Municipal "José Chiachiri".
  • 1904 - Inauguração da iluminação elétrica.
  • 1905 - Instalação do 1º Grupo Escolar no edifício da antiga Câmara, denominado G.E. Cel. Francisco Martins, mais tarde transferido de local.
  • 1913 - Inauguração da Nova Igreja Matriz, hoje Catedral Diocesana, estilo gótico.
  • 1917 - Inauguração do Colégio Champagnat na rua Capitão Canuto, hoje Avenida Champagnat, estilo eclético.
  • 1924 - Calçamento em paralelepípedo das primeiras ruas e praças.
  • 1932 - Franca participa ativamente da Revolução Constitucionalista. Por esta razão a rua Dr. Jorge Tibiriçá recebeu o nome de Voluntários da Franca quatro anos depois.
  • 1957 - Inauguração do 1º arranha-céu, edifício Franca do Imperador, na esquina das ruas Monsenhor Rosa e General Telles, onde existiu o famoso Sobrado Verde, propriedade de Borísio Steimberg.
  • 1971 - Criada e instalada a Diocese de Franca, tendo como primeiro Bispo, Dom Diógenes Silva Mathes.
  • 1984 - Instalação do Distrito Industrial.
  • 1989 - Criada a Região Administrativa de Franca. A região de Governo que é mais restrita já existe desde 1984.
  • 2006 - Nomeação do Segundo Bispo da Diocese de Franca, Dom Frei Caetano Ferrari.

Fonte: Museu Histórico Municipal "José Chiachiri"




Brasão de Franca

O escudo é do tipo redondo português, encimado pela coroa mural de oito torres, que é o símbolo universal das cidades. No centro da coroa, um escudete com uma meia-lua recorda a padroeira da cidade, Nossa Senhora da Conceição.

O brasão foi criado pela lei municipal de 14 de abril de 1930, sendo de autoria do historiador Dr. Affonso D'Escragnolle Taunay e desenhado pelo artista Henrique Manza.

Primeiro Quartel (à esquerda): Em campo vermelho (goles), um "gibão de armas" típico dos bandeirantes paulistas é atravessado por três flechas de prata. Abaixo, um rio de prata com três peixes bagres nadantes na cor preta (sable). Esta representação recorda o antigo nome da localidade, "Pouso dos Bagres", uma parada para os sertanistas a caminho de Minas Gerais e Goiás.

Partido (à direita): Também em campo vermelho, um leão rompante se destaca junto a duas coroas: uma real, de Portugal, e outra imperial, do Brasil. O leão é uma referência às armas da Vila Franca em Portugal, enquanto as coroas remetem aos nomes históricos da cidade: Vila Franca Del Rei e Vila Franca do Imperador.

Segundo Quartel (embaixo): Em campo azul (blau), uma cidade fortificada de prata, assentada em terreno, simboliza a tenaz resistência dos francanos contra a invasão de seu território por autoridades de Minas Gerais. Na muralha, uma bandeira exibe um braço armado de prata sobre o fundo vermelho (goles) do brasão da cidade de São Paulo.

À Senestra (direita do escudo, esquerda do observador): A figura de um capitão-general em traje de gala, com as insígnias da Ordem de Cristo, representa Antônio José de Franca e Horta, Governador da Capitania de São Paulo e Fidalgo da Casa Real, cujo sobrenome deu origem ao nome da cidade.

À Destra (esquerda do escudo, direita do observador): Um homem vestido de couro, armado com bacamarte e garrucha, representa Anselmo Ferreira de Barcelos. Ele foi a figura central da "Anselmada", uma revolta ocorrida em 1838 que reivindicava as liberdades populares contra os poderes locais da época.

Abaixo do escudo, um listel de prata é adornado por ramos de café frutados, simbolizando a principal lavoura histórica do município, e por hastes de capim-mimoso, vegetação característica da região que lhe rendeu o antigo nome de "Campos de Capim Mimoso".

No listel, em letras vermelhas, está a divisa em latim que celebra a lealdade da cidade durante as disputas territoriais:

"GENTI MEAE PAULISTAE FIDELIS"

(Fiel à minha grei paulista)

A lei municipal nº 144, de 26 de janeiro de 1955, determinou a inclusão de nove estrelas de prata ao brasão. Elas simbolizam os nove voluntários francanos que morreram durante a Revolução Constitucionalista de 1932, prestando uma homenagem à sua bravura e sacrifício.




Bandeira de Franca (Atual)

LEI Nº 6.944, DE 25 DE OUTUBRO DE 2007

Cria a Nova Bandeira do Município de Franca e dá outras providências.

SIDNEI FRANCO DA ROCHA, Prefeito Municipal de Franca, Estado de São Paulo, no exercício de suas atribuições legais,

FAZ SABER que a Câmara Municipal APROVOU e ele PROMULGA a seguinte LEI:

  • Art. 1º - Fica criada a nova BANDEIRA DO MUNICÍPIO DE FRANCA, aprovada e descrita na forma do Anexo I, que integra e incorpora a presente Lei.
  • Art. 2º - A regulamentação das medidas oficiais, do uso da Bandeira do Município, obedecerá às prescrições que lhe forem aplicáveis, previstas nas legislações federal e estadual, de acordo com a hierarquia vigente, que será objeto de ato do Poder Executivo, a ser providenciado no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta Lei.
  • Art. 3º - As despesas decorrentes da execução da presente Lei correm à conta de dotações orçamentárias próprias.
  • Art. 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
  • Art. 5º - Revogam-se as disposições em contrário.

Prefeitura Municipal de Franca, aos 25 de Outubro de 2007.

SIDNEI FRANCO DA ROCHA
PREFEITO




Bandeira de Franca (Antiga)

Lei municipal nº 2132 de 17 de novembro de 1972

Dispõe sobre a aprovação da Bandeira do Município que descreve e dá outras providências.

Art 1º) Fica aprovada a Bandeira do Município de Franca, instituída na forma desta Lei, conforme a seguinte descrição: cores azul e branco, representado o azul do céu de Franca, e o branco a paz, saber e harmonia;

  • o branco compreende a metade esquerda da Bandeira, terminando em meia lua, sobre o azul;
  • no branco, um ramo de café, no sentido da esquerda para a direita, na cor verde, com frutos vermelhos, representa a agricultura do Município;
  • centrado no branco, emoldurado pelo ramo de café, encontra-se uma peça de couro, na cor marrom, representando a pecuária e a indústria de couro;
  • sobre a peça de couro, também em marrom, um sapato estilizado, representa toda a indústria do Município e, em especial, a indústria do calçado.

Art 2º) As medidas, seguindo as utilizadas pelo Governo Estadual e Federal, as dimensões oficiais, bem como a sua total regulamentação de uso, será objeto de Decreto do Executivo, que deverá ser providenciado no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a contar da data da publicação da presente Lei.

Art 3º) Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

17 de novembro de 1972

Fonte: Museu Histórico Municipal "José Chiachiri"



Hino de Franca

Letra: Alfredo Palermo
Música: Waldemar Roberto

I
Salve Franca, cidade querida,
Áurea gema do chão brasileiro,
Teu trabalho é uma luta renhida,
Sob a luz paternal do Cruzeiro.
No sacrário de mil oficinas,
Teu civismo é mais santo e mais puro,
Labutando é que a todos ensinas
O roteiro de luz do futuro.

Juventude, memoremos
A bravura ancestral,
E a pureza,
A beleza
Desta terra sem rival,
Seresteiros, evoquemos
Um pretérito imortal,
Pois, na presente grandeza,
Fulge a grata certeza
De um porvir sem igual.

II
És florão da grandeza paulista,
Semeada em teu chão feiticeiro:
Teu café em aléias se avista,
Soberano, em seu reino altaneiro.
Salve Franca de tardes douradas,
Três Colinas amenas, ridentes:
Relembro tuas glórias passadas,
Outras glórias sonhamos presentes!

Ouça abaixo: